quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Por que não haverá o fim do mundo em 2012?

Por que não haverá o fim do mundo em 2012?


Gerson Soares Monteiro.(1)


Isso não acontecerá porque Jesus declarou no Sermão do Monte que os mansos e pacíficos habitarão a Terra. Ele também afirmou que “Quando o Evangelho for pregado em toda a Terra, é então que chegará o fim” (Mateus, 24:14). Essas palavras proféticas de Jesus, com relação ao fim, estão relacionadas com a idéia de tempo e não com a de espaço. Isto é, Jesus se referiu ao fim de uma era, não ao fim do mundo físico. E isto é lógico, pois quando as criaturas humanas estiverem evangelizadas haverá o fim da violência, das guerras, do narcotráfico, e de todo o mal que ainda perdura no coração do homem.
E convenhamos: Deus iria destruir a Terra quando as criaturas estivessem vivendo a mensagem do Evangelho? Ora, a destruição do mundo seria então o prêmio prometido por Jesus aos mansos e pacíficos, que, ao longo do tempo, se esforçaram para implantar na Terra o seu reino de amor e paz? É claro que não! Deus é justo!
O filme 2012, produzido em 2008, nos Estados Unidos é, na verdade, uma tentativa de se criar uma onda de terrorismo psicológico através de um “suposto” fim do mundo. Nessa onda, são exploradas as profecias relativas às transformações pelas quais a Terra está passando para ingressar na Era da Regeneração. A Terra, que é um mundo de Expiações e Provas (2° grau), está passando para o Mundo de Regeneração (3° grau).
Porém, já estamos no ano de 2016, de acordo com a revelação do Espírito Humberto de Campos transmitida por Chico Xavier, em 1937, no capítulo 15 do livro “Crônicas de Além Túmulo”, editado pela FEB. Essa revelação foi ratificada posteriormente através de conceituados cientistas e teólogos, que se basearam em estudos e pesquisas históricas, sobre o erro cometido por Frei Dionísio no ano de 525, ao estabelecer o nosso calendário.
Ora, diante de todas essas evidências, podemos concluir, sem margem de dúvida, que o ano de 2012 já passou, ou seja, já estamos em pleno 2016 e a Terra não foi destruída, derrubando a previsão divulgada de que o mundo acabaria no dia 21 de dezembro de 2012.

(1) Gerson Soares Monteiro é espírita e atualmente é Vice-Presidente da FUNTARSO e publica, todos os domingos, uma coluna no jornal Extra. Este texto foi publicado na edição de 13/11/2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Prece


Quando se fala em prece, a imediata imagem que, de um modo geral, vem à mente das pessoas é a de senhoras idosas ajoelhadas em recintos semiobscuros, numa cantilena ininteligível.
Será que somente os idosos devem orar? Serão somente os deserdados do mundo, os sofredores os que carecem de oração?
Oração é um processo dinâmico de dialogar com Deus. É o elevar a mente para sintonizar com as forças Superiores, de lá extraindo novas energias, ideias.
Sem fórmulas prontas, deve ser ditada pelo sentimento. É um abrir do coração ao Pai amoroso e bom.
Alguns defendem a idéia de que se Deus tudo sabe não há necessidade de se ficar a pedir. Ele dará às Suas criaturas o de que elas necessitam.
O que não se dão conta tais pessoas é de que o Pai realmente tudo sabe, tudo vê, mas a prece tem a virtude de abrir os canais mentais a fim de que se possa entender a resposta. É o tornar-se receptivo ao auxílio.
Será que a resposta sempre vem? Recordamos o ensino de Jesus: Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vos concederá. A resposta sempre vem.
O que acontece é que, normalmente, não a percebemos. Mesmo porque ela nem sempre nos chega do jeito que se espera.
A resposta Divina, por vezes, é um não. De outras, vem através dos amigos, de uma mensagem, das intuições, e outra vez não nos apercebemos.
E o que pedir? Eis outra dúvida. Defendem muitos que somente se deve solicitar coisas para o Espírito, jamais coisas materiais.
Convenhamos que se vivemos no mundo, necessitamos de algumas coisas materiais. Qual o problema de se rogar pela saúde de alguém?
Qual a dificuldade de se pedir auxílio na busca de um emprego digno, que nos garanta o sustento da carne?
Qual o inconveniente de se rogar a Misericórdia Divina para a fome que castiga o estômago ou para o frio que tortura o corpo?
Contudo, oração não é somente um petitório infindável. Antes de tudo é louvor.
Ao ensinar a orar, Jesus primeiramente louvou o Criador de todas as coisas. Santificado seja Vosso nome.E para ensinar a resignação aos planos celestes, estabeleceu: Seja feita a Vossa vontade.
Só depois é que Ele direcionou a rogativa.
A oração é alimento diário. Na alegria e na dor. Na saúde e na doença. Ante os sucessos ou enfrentando os fracassos.
Orar com sinceridade, sabedor que não será pela extensão da oração que ela será melhor ouvida, mas sim pelo seu conteúdo.
A melhor prece é a do homem de bem.
Orar a Deus, a Jesus, evitando dirigir pedidos a parentes e amigos desencarnados que poderão não ter condições de atender, o que só lhes aumentará a carga de preocupações.
Orar por nós, pelos enfermos, pelos desencarnados, pelos suicidas, em especial, pelos que não nos amam. Orar pelos ­amigos, pois que a prece sustenta.
É do Cristo o ensinamento: Orai uns pelos outros.

* * *

A oração em favor dos que sofrem constitui sempre uma valiosa contribuição para aquele a quem é dirigida.
Não resolve o problema, nem retira a aflição, mas suaviza a aspereza da prova.
Quando a oração é dirigida aos enfermos, ela estimula os centros atingidos pela doença, restaurando o equilíbrio das células.
A oração é sempre um bálsamo para a alma, e se torna medicação para o corpo físico.
A oração acalma, equilibra, dulcifica aquele que ora, propiciando-lhe resultados salutares.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20 do livro Momento de meditação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal

domingo, 9 de outubro de 2011

Velho ou Idoso



Você se considera uma pessoa idosa, ou velha?
E você que é jovem, como deseja chegar lá?
Acha que é a mesma coisa?
Pois então ouça o depoimento de uma pessoa de oitenta e oito anos:
Idosa é uma pessoa que tem muita idade.
Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade.
Você é idoso quando sonha.
É velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende
É velho quando já nem ensina.

Você é idoso quando pratica esportes, ou de alguma outra forma se exercita.
É velho quando apenas descansa.
Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs.
É velho quando seu calendário só tem ontens.
idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência. Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro.
E é no presente que os dois se encontram.
Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado.
idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina.
idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina.
velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram.
idoso tem planos.
velho tem saudades.
idoso curte o que resta da vida.
velho sofre o que o aproxima da morte.
idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos.
velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade.
idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e de esperanças. Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
velho cochila no vazio de sua vida e suas horas se arrastam destituídas de sentido.
As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso.
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela  amargura.
Em resumo, idoso e velho, são duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idade bem diferente no coração.
Se você é idoso, guarde a esperança de nunca ficar velho.
Namastê Shalom

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pequena nota sobre o direito de viver

Pequena nota sobre o direito a viver
Eros Roberto Grau

Inventei uma história para celebrar a Vida. Ana, filha de família muito rica, apaixona-se por um homem sem bens materiais, Antonio. Casa-se com separação de bens. Ana engravida de um anencéfalo e o casal decide tê-lo. Ana morre de parto, o filho sobrevive alguns minutos, herda a fortuna de Ana. Antonio herda todos os bens do filho que sobreviveu alguns minutos além do tempo de vida de Ana. Nenhuma palavra será suficiente para negar a existência jurídica do filho que só foi por alguns instantes além de Ana.
A história que inventei é válida no contexto do meu discurso jurídico. Não sou pároco, não tenho afirmação de espiritualidade a nestas linhas postular. Aqui anoto apenas o que me cabe como artesão da compreensão das leis. Palavras bem arranjadas não bastam para ocultar, em quantos fazem praça do aborto de anencéfalos, inexorável desprezo pela vida de quem poderia escapar com resquícios de existência e produzindo consequências jurídicas marcantes do ventre que o abrigou.
Matar ou deixar morrer o pequeno ser que foi parido não é diferente da interrupção da sua gestação. Mata-se durante a gestação, atualmente, com recursos tecnológicos aprimorados, bisturis eletrônicos dos quais os fetos procuram desesperadamente escapar no interior de úteros que os recusam. Mais “digna” seria a crueldade da sua execução imediatamente após o parto,mesmo porque deixaria de existir risco para as mães. Um breve homicídio e tudo acabado.
Vou, contudo diretamente ao direito, nosso direito positivo. No Brasil o nascituro não apenas é protegido pela ordem jurídica, sua dignidade humana preexistindo ao fato do nascimento, mas é também titular de direitos adquiridos. Transcrevo a lei, artigo 2o do Código Civil:
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
No intervalo entre a concepção e o nascimento dizia Pontes de Miranda “os direitos, que se constituíram, têm sujeito, apenas não se sabe qual seja”. Não há, pois, espaço para distinções, como assinalou o ministro aposentado do STF, José Néri da Silveira, em parecer sobre o tema:
Em nosso ordenamento jurídico, não se concebe distinção também entre seres humanos em desenvolvimento na fase intrauterina, ainda que se comprovem anomalias ou malformações do feto; todos enquanto se desenvolvem no útero materno são protegidos, em sua vida e dignidade humana, pela Constituição e leis.
Trata-se de seres humanos que podem receber doações [art. 542 do Código Civil], figurar em disposições testamentárias [art.1.799 do Código Civil] e mesmo ser adotados [art. 1.621 do Código Civil]. É inconcebível, como afirmou Teixeira de Freitas ainda no século XIX, um de nossos mais renomados civilistas, que haja ente com suscetibilidade de adquirir direitos sem que haja pessoa. E, digo eu mesmo agora, nele inspirado, que se a doação feita ao nascituro valerá desde que aceita pelo seu representante legal tal como afirma o artigo 542 do Código Civil – é forçoso concluir que os nascituros já existem e são pessoas, pois “o nada não se representa”.
Queiram ou não os que fazem praça do aborto de anencéfalos, o fato é que a frustração da sua existência fora do útero materno, por ato do homem, é inadmissível [mais do que inadmissível, criminosa] no quadro do direito positivo brasileiro. É certo que, salvo os casos em que há, comprovadamente, morte intrauterina, o feto é um ser vivo.
Tanto é assim que nenhum, entre a hierarquia dos juízes de nossa terra, nenhum deles em tese negaria aplicação do disposto no artigo 123 do Código Penal,[i] que tipifica o crime de infanticídio, à mulher que matasse, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho anencéfalo, durante o parto ou logo após, sujeitando a pena de detenção, de dois a seis anos. Note-se bem que ao texto do tipo penal acrescentei unicamente o vocábulo anencéfalo!
Ora, se o filho anencéfalo morto pela mãe sob a influência do estado puerperal é ser vivo, por que não o seria o feto anencéfalo que repito pode receber doações, figurar em disposições testamentárias e mesmo ser adotado?
Que lógica é esta que toma como ser, que considera ser alguém – e não ser – o anencéfalo vítima de infanticídio, mas atribui ao feto que lhe corresponde o caráter de coisa ou algo assim?
De mais a mais, a certeza do diagnóstico médico da anencefalia não é absoluta, de modo que a prevenção do erro, mesmo culposo, não será sempre possível. O que dizer, então, do erro doloso?
A quantas não chegaria, então, em seu dinamismo – se admitido o aborto – o “moinho satânico” de que falava Karl Polanyi?[ii] A mim causa espanto a idéia de que se esteja a postular abortos, e com tanto de ênfase, sem interesse econômico determinado. O que me permite cogitar da eventualidade de, embora se aludindo à defesa de apregoados direitos da mulher, estar-se a pretender a migração, da prática do aborto, do universo da ilicitude penal, para o campo da exploração da atividade econômica. Em termos diretos e incisivos, para o mercado. Escrevi esta pequena nota para gritar, tão alto quanto possa, o direito de viver.



[i] “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena – detenção de dois a seis anos.”

[ii] A grande transformação: as origens da nossa época. Tradução portuguesa de Fanny Wrobel. 2. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000

sábado, 24 de setembro de 2011

Maneira de Orar



Maneira de orar 
(Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII)
O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever?
A prece do cristão, do espírita, seja qual for o seu culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até àquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contacto com eles, mais força e perseverança. Deve ela subir humilde aos pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor. 
A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: "Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende." Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com freqüência exclamado: "Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças." Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós.  
Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato de reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito, meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?!
Isso independe das preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados.
Como o vedes, a prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos. Dita assim, ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas maquinalmente vos chama a hora convencional. 
V. Monod. (Bordéus, 1862.)


O Pai-Nosso




A oração Pai Nosso foi ensinada por Jesus aos discípulos. Por recomendação dos espíritos benfeitores ela está encabeçando a coletânea de preces espíritas que constam no capítulo XXVIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por ser o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade.
É também conhecida como Oração do Senhor ou Oração Dominical, porque os discípulos chamavam o Cristo de Senhor, que em latim é "dominus". Analisemos, pois, essa bela e completa oração (esta é uma adaptação livre da oração, divulgada entre os espíritas e de autoria desconhecida): 


Pai Nosso, 

Que estás em toda a harmonia do Universo, santificado seja o teu nome.

Pai, porque Ele é o Criador de todas as criaturas. É a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas. E, desde que nos coloquemos em sintonia com Ele, podemos sentir Sua presença em qualquer hora e lugar. Cego, portanto; é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que não te glorifica e ingrato aquele que te não rende graça

Venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, na Terra, no Espaço, e em todos os mundos habitados. O Reino de Deus, ou seja, Suas leis de amor, eternas e imutáveis, estão escritas na consciência de cada ser. E, de acordo com a evolução espiritual, individual e coletiva, vai sendo cumprido nos diferentes mundos do Universo.

O Pão do Corpo e da alma dá-nos hoje,

Senhor, rogamos pelo alimento material, pela preservação da vida física, e também pelo alimento do espírito, que é esclarecimento e consolo. Na medida do nosso esforço, necessidade e merecimento, temos a certeza de sermos atendidos. 

Pedi e obtereis; buscai e achareis. 

Perdoa as nossas faltas e imperfeições, dá-nos o sublime sentimento do perdão para com aqueles que nos tem ofendido. Perdão deve ser entendido como a maneira de nos reabilitarmos dos erros cometidos. E o recebemos na medida que proporcionamos aos nossos irmãos as oportunidades que pleiteamos à Justiça Divina.

Não nos deixe sucumbir às tentações da matéria, às ciladas dos espíritos mais imperfeitos que nós, mas envia-nos, Senhor, os bons para nos esclarecer.

Solicitamos força, determinação e coragem para resistir às sugestões dos espíritos ainda na ignorância, que se aproveitam de nossas más inclinações e vícios para nos influenciar.

Rogamos, também, pela presença dos bons espíritos e do nosso espírito protetor, a fim de que nos inspirem no caminho do bem.

Que um raio de tua luz se derrame sobre toda a humanidade sofredora.

Em nome de Deus, Cristo e a Caridade, suplicamos a Deus pelos que sofrem, a fim de que possam trilhar o caminho do amor e da caridade, exemplificados pelo Cristo.

Somente pela prática da máxima "Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" é que compreendemos e caminhamos rumo ao Pai.

Essa oração é uma síntese dos deveres para com Deus, consigo mesmo e com o próximo; é também um ato de adoração e submissão, quando pedimos o necessário à vida, em uma conversa com o Criador.  




Você está ocioso?


Certa feita, estava na Casa Transitória Fabiano de Cristo, em São Paulo, e quando de lá me retirava, de carro, notei a presença de um senhor de avançada idade, todo curvado, que parecia tomar o mesmo rumo para o qual me dirigia. Condoído com aquela situação, parei o carro e indaguei àquele senhor qual o destino dele. Respondeu-me que iria pegar um ônibus na Av. Celso Garcia. Então, ofereci-lhe uma carona, no que ele concordou prontamente. Entrou no carro com alguma dificuldade física e logo entabulamos conversa. Respondendo às minhas indagações, me disse que era voluntário da Casa Transitória desde a sua fundação e que todos os sábados pela manhã, havia mais de 30 anos, dedicava-se aos serviços de contabilidade daquela abençoada instituição espírita.
Fiquei surpreso, pois a minha primeira impressão foi de que ele era um dos inúmeros assistidos da casa. Quando chegamos ao ponto do ônibus, perguntei qual era o seu destino. Disse-me que iria até o Hospital do Tatuapé. Pensando que estivesse com algum problema de saúde, prontifiquei-me a levá-lo. Ele aceitou a prolongação da carona e me disse que iria ao hospital, tal como fazia todos os sábados à tarde, trabalhar como voluntário. Tomado de novo impacto, perguntei-lhe que espécie de serviços prestava: disse-me, com muita simplicidade, que havia muito trabalho a ser feito naquele hospital, desde conversar com os doentes, transmitindo-lhes palavras de carinho e conforto, como também auxiliar enfermeiros, empurrando macas, segurando o frasco do soro, enfim, pequenas tarefas de auxílio aos enfermos.
Já estava envergonhado. Eu, com o meu corpo perfeito, em plena juventude, podendo desfrutar de um carro, ainda encontrava muita dificuldade em prestar algum tipo de auxílio ao próximo. Chegando ao hospital, já nas despedidas, disse-lhe que poderia mesmo se intitular um verdadeiro espírita. Mas qual não foi a minha outra surpresa ao saber que ele não era espírita.
Afirmou que era católico praticante, que ia à missa todos os domingos e que nutria afeição pelo trabalho social espírita. Despediu-se, dizendo:
"Os necessitados estão em toda parte e o Cristo não nos pede qualquer bandeira religiosa para servir".
Basta o desejo sincero de trabalhar em favor do próximo, nosso irmão do caminho. Afinal, quem garante que amanha não seremos nós que estaremos num hospital, um asilo, num albergue? Disse-nos o Cristo: "Façam aos outros aquilo que gostariam que fizessem a vocês". É por isso que a nossa felicidade não pode ser construída à custa da infelicidade dos outros. Os espíritos superiores nos trouxeram o esclarecimento de que fora da caridade não há salvação, e nós complementamos dizendo que fora da caridade não há felicidade.
Aquele bom velhinho fazia a sua parte. Não estava ocioso, inativo. Trabalhava, sem escolher o lugar, sem preconceito religioso. Ele é um homem feliz.
Vamos arregaçar as mangas?


José Carlos de Lucca
in Sem Medo de Ser Feliz


 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Deus Primeiro

Caminharás, muitas vezes, no mundo à maneira de barco no oceano revolto, sob a ameaça de soçobro a cada momento; entretanto, pensa em Deus primeiro e encontrarás o equilíbrio que reina, inviolável, no seio dos elementos.
Se a natureza parece descer à desordem, prenunciando uma catástrofe, nao permitas que a tua palavra se converta em agente da morte, fala em Deus primeiro.
Antes das destruições que hoje atribulam a humanidade, outras destruições ocorreram ontem, mas Deus plantou, em silêncio, novas cidades e novos campos onde a ventania da transformação instalara o deserto.
Se os profetas da calamidade e da negação anunciarem o fim do mundo, traçando quadros de aflição e terror, crê em Deus primeiro, recordando que ainda mesmo da cova pequenina, em que a semente minúscula é sepultada, o Senhor faz nascer a graça do perfume e a beleza da cor, a abastança da seiva e a alegria do pão.
Se a dor te constringe o peito, em forma de angústia ou abandono, tristeza ou enfermidade, recorre a Deus primeiro.
Ele será teu refúgio na tempestade, companheiro na solidão, esperança nas lágrimas, remédio no sofrimento.
Diante de toda provação e à frente dos próprios erros, busca Deus primeiro.
Ele, que mantém as estrelas no espaço e alimenta os vermes no abismo, ser-nos-á sustento e consolo.
Nesse ou naquele problema, quanto nessa ou naquela dificuldade, confia em Deus primeiro e sentirás que a nossa própria vida é uma eterna benção de luz, para sempre guardada nos braços do Amor Eterno.

Médium: Francisco Cândido Xavier.
Obra: Caminho Espírita.

domingo, 13 de março de 2011

Sentido da Vida

Há algum tempo, postei num site de relacionamentos a seguinte pergunta: "Qual o sentido da vida?". Recebi apenas uma resposta, que não me agradou, pois eu pensava que a pessoa tivesse outro visão. Aí pensei: cada pessoa tem uma visão do sentido da vida diferente, pois é influenciada pela religião, meio em que vive, personalidade, sem tem posses (se é rica), ou não, tudo isso influencia o seu sentido de vida. Mas eu buscava respostas para esse questionamento, porque sei que a vida no planeta Terra tem um propósito, o qual é o de progredir como espírito vivenciando o que se aprendeu  na vida espiritual, então, para mim, não tem valor quando se pensa em valores materiais para o sentido da vida. Por este motivo, não aceito que pessoas de nível superior, num curso de ciências humanas, onde se aprende a respeito de sentimentos e da vida humana, aceite que o sentido de vida tenha a ver com valores materiais. A Psicologia, o Serviço Social, a Pedagogia, e outras ciências humanas estudam o homem dentro da humanidade, suas fraquezas, suas verdades psicológicas, seus desejos e anseios trazem dentro de sua formação. As pessoas que estudam essas ciências deveriam refletir sobre a sua vida neste planeta, qual o seu objetivo, para que fim nasceu, qual a sua finalidade diante da vida que se mostra a ela. Dentro desse objetivo, fiz uma pesquisa  e achei três estudos sobre o tema que agora passo para vocês que acompanham este blog.
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Vida após a morte
Américo Domingos Nunes Filho

 Os profilentes de crenças dogmáticas consideram-se privilegiados como "eleitos do Senhor" e "conhecedores da verdade que liberta". Na realidade, seus argumentos são frágeis e inconsistentes, desde que não utilizam o pensamento racional acreditando ser de origem divina o que facilmente se constata provir de mente humana.
Infelizmente, as idéias dogmáticas, limitadas ao estudo da "letra que mata", estão destituída de luz que resplandece verdadeiramente dos textos bíblicos, porquanto não estão alicerçadas na interpretação lógica e imparcial da Bíblia, nem mesmo levando em consideração a época em que ela foi escrita e o atraso considerável de seus autores, em correspondência com a época em que vivemos.
Ainda hoje, os admiradores das Escrituras, mergulhados no mar do literalismo bíblico, aceitam a criação do mundo em seis dias de vinte e quatro horas.
É incrível, contudo, acreditam os exegetas dogmáticos que o Universo foi criado há apenas seis mil anos, discordando inteiramente da ciência. Igualmente negam a teoria darwiniana da evolução, tachando-a de demoníaca, apesar do grande desenvolvimento cultural e científico de nosso tempo revelar sua existência.
Combatendo o pensamento racional da Doutrina Espírita, calcada na fé racionada, apontam alguns textos bíblicos, desconhecendo que ainda estão presos às revelações do Antigo e Novo Testamento em muitas de suas injunções humanas, ignorando inteiramente a presença já entre nós do Consolador Prometido, o "Espírito de Verdade".
A vinda do Paracleto foi profetizada por Jesus, atestando que esse Consolador complementaria as lições que ele próprio não pudera ensinar aos homens (João 14:26 e João 16:12-13). Portanto o verdadeiro conhecimento espiritual é progressivo e revelado somente aos que "têm olhos para ver e ouvidos para ouvir".
Aqueles que ainda aceitam literalmente o fato de Jonas ter sido deglutido por um grande peixe não podem questionar doutrinas científico-religiosas, as quais não estão preparados para entender, porquanto afirma a Biologia ser impossível que tal coisa tenha acontecido, já que homem algum pode ser ingerido por qualquer ser aquático. Inclusive, nem mesmo a baleia (mamífero e não peixe) tem capacidade de engolir o ser humano, porquanto possui canais digestivos bem estreitos, alimentando- se apenas de plâncton, crustáceos e pequenos peixes.
Até mesmo em nossos dias outra invencionice contínua sendo propalada pelos que lêem a Bíblia, utilizando a ótica da "letra que mata", desprezando o progresso científico atual: Josué, filho de Num e sucessor de Moisés, "fez parar o Sol e a Lua" (Josué 10:12).
Primeiramente, desde Copérnico e Galileu, sabe-se que nossa estrela não gira sobre a Terra. Depois, de forma alguma, poderia alguém deter qualquer astro celestial.
Utilizando o raciocínio, constatamos a fé cega dos dogmáticos bíblicos, não percebendo tantas incongruências no "livro sagrado", como, por exemplo, a ausência da presciência da Divindade, arrependendo-se de Ter criado o homem. (Gênesis 6:6) e de haver constituído rei a Saul.
Outra discrepância: o próprio Criador desobedecendo ao mandamento de sua autoria ("não matarás"). No 1º Livro de Samuel (Cap. 15, versículo 3), está escrito que "Deus" mandou Saul assassinar a todos os amalequitas, dizendo: "destrói totalmente a tudo o que tiver; nada lhe poupes, porém matarás homem e mulher, MENINOS E CRIANÇAS DE PEITO, bois ovelhas, camelos e jumentos" (os grifos são nossos).
Quanto disparate! Que absurdo! Tirar violentamente a vida até de bebês! Segundo ensinamento do "Novo Testamento", "Deus é Amor"- (João 4:8) e nunca o Criador mandaria matar, infringindo até um de Seus preceitos.
O livro de Eclesiastes ou "O Pregador" encontra- se no Antigo Testamento e tem sua autoria e autenticidade questionadas por numerosos exegetas. A seguinte afirmativa: "Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém" e, em alguns trechos, as referências às obras realizadas por seu autor, claramente indicam Ter sido Salomão o escritor da obra. Contudo, os textos foram redigidos em época bem posterior a sua, desde que o idioma, com vocábulos em aramaico, é ulterior ao rei, introduzidos depois do cativeiro da Babilônia (término em 538 AC), contendo algumas palavras de origem persa, como "pardisin" (paraíso).
O soberano judeu, filho mais moço de Davi com Bate-Seba, faleceu em 931 AC, portanto em tempo bem anterior à escravidão dos hebreus, em Babilônia. Todavia, pela análise do livro, é demonstrada a presença de Salomão como seu idealizador. Afastando a hipótese mediúnica, certamente alguém escreveu a obra, tentando-se identificar como o grande sábio.
Por conseguinte, os "textos sagrados" são frutos de uma mistificação e mesmo que fossem escritos verdadeiramente pelo rei expressariam apenas sua opinião pessoal.
Outro dado considerável é a observação de que nem Jesus, nem qualquer vulto do Novo Testamento, faz alusão ao livro de Eclesiastes.
Salomão, apesar de Ter sido portador de grande sabedoria, não é exemplo a ser seguido por ninguém, muito menos por qualquer adorador bíblico, já que, além de poligâmico (harém de mil mulheres), era apóstata, tendo erigido altares e templos pagãos (1 Reis 11:6-7), como também odiado pelo povo, o qual oprimia com pesados impostos para sustentar o esplendor de sua corte (1 Reis 12:9-14).
Pois bem, citando as seguintes passagens de Eclesiastes, os entusiastas do dogmatismo relatam que não há vida depois da morte, negando um princípio básico da Doutrina Espírita, o da sobrevivência do ser após o decesso corporal: "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas o s mortos não sabem cousa nenhuma, nem tão pouco terão elas recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento.
"Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol”.
"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Cap. 9, versículos 5, 6 e 9).
Inobstante o que está escrito em Eclesiastes, os antigos hebreus acreditavam que as almas regressavam, após a morte, ao lugar dos mortos ("sheol") e, de lá, voltavam ao cenário terreno.
Em Isaías, denominado o "Quinto Evangelista", encontramos referências a haver vida além do túmulo, revelando a presença vivaz e atuante dos seres nos domínios espirituais. O profeta, por ocasião da entrada no "sheol" do despótico rei da Babilônia, nos apresenta os mortos conversando, comunicando-se, provando que os espíritos têm consciência de suas individualidades e que há vida de relação no além, pondo em xeque os textos apócrifos de Eclesiastes.
Os versículos são bem claros, muito transparentes, relatando existência "post-mortem": "Então, também tu (rei da Babilônia) fostes abatido como nós, acabaste igual a nós?" (Isaías 14:10).
O profeta narra que os interlocutores eram espíritos de potentados da Terra (príncipes e reis), surpresos por ver, na mesma situação, o poderoso monarca de Babilônia, o qual dizia, enquanto encanado, que "subiria aos céus, exaltando o seu trono acima das estrelas de Deus, como também assentando-se acima das mais altas nuvens, sendo semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:9 e 14:13-14).
Em que pese o livro de Eclesiastes afirmar que "os mortos não têm parte em coisa alguma e que a sua memória jaz no esquecimento", há igualmente no Velho Testamento o relato de uma entidade espiritual apresentando-se, após evocação realizada pelo rei Saul, como um ancião, envolto em uma capa. Tratava-se do grande profeta e juiz, Samuel (1 Sm.28:12-20), já falecido e sepultado em Ramá (1 Sm. 25:1).
Apesar de estar inserido no livro apócrifo o pensamento de que "os mortos não sabem coisa nenhuma", o espírito Samuel anuncia não somente a futura derrota de Saul para os filisteus, como também anuncia a morte em combate do soberano judeu e dos seus filhos (1 Sm.28:19).
Outra menção aos mortos é relatada, no antigo Testamento, em contraposição ao Eclesiastes, afirmando Jó, no capítulo 4, versículos 15 e 16 "Um espírito passou por diante de mim, fez-me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante de meus olhos".
Querendo negar o aparecimento dos seres espirituais nos relatos bíblicos, os profitentes dogmáticos os enquadram como mensageiros divinos, criados à parte por Deus, sem qualquer vínculo encarnatório. Contudo, essas criaturas angelicais, ao identificarem-se, revelam seus nomes e apresentam- se como humanos.
O enviado Gabriel, por exemplo, é citado pelo profeta Daniel como "varão" (Dn 9:21). Inclusive, Gabriel quer dizer "Homem de Luz". Outro ser espiritual que aparece em diversas situações é Miguel, com a apresentação de guerreiro (Apocalipse 12:7).
Igualmente, as Escrituras expõem à vista, com formas humanas, entidades espirituais a Abraão, a Jó, a Moisés e a Josué, aos israelitas em Goquim, a Gideão, a Manoá e a outros.
Quanto à última referência, é expressivo o fato de o pai de Sansão ter conversado com o habitante do além como se estivesse coloquiando com qualquer mortal, até mesmo tentando oferecer-lhe alimentos (Juízes 13:10-16).
Colocando por terra os textos de Eclesiastes contrários à sobrevivência das criaturas no além, Paulo, o apóstolo dos gentios, assim se expressou, na Primeira Epístola aos Coríntios: "Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E se o Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé” (1 Co. 15:12-14).
Nessa mesma carta, Paulo ensina: "Mas alguém dirá: como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? (1 Co 5:35). Semeia-se corpo natural ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual" (1 Co. 15:44). "Assim como trouxemos a imagem do o que é terreno, trazemos também a imagem do celestial" (1 Co. 15:49). "Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, 'morte, o teu aguilhão?" (1 Co. 15:54-55).
Jesus, nosso querido Mestre, se constitui em exemplo marcante da certeza da vida após a vida. Ele mesmo voltou do além, comprovando e revelando a morte da morte, continuando a viver.
Que emoção vivenciou Madalena ao ver o meigo Rabi à sua frente, diante do túmulo vazio, recém-materializado, ultra-eletrizado, dizendo-lhe: "Não me toques..." (João 20:17).
O Cristo nos ensina: "Eu sou a ressurreição e a vida, aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá" (João 11:25).
A morte não existe. A vida contínua após a falência irreversível dos órgãos. Se não houvesse vida fora do túmulo, não teria sentido a vida antes da morte. O espírito preexiste ao corpo de carne e sobrevive além da sepultura.
O Evangelho de Mateus esclarece que, após Jesus Ter expirado, muitos espíritos entraram em Jerusalém e apareceram a muitos (Cap. 27, vers. 53). Diz, igualmente, que Madalena e a outra Maria, quando foram ao sepulcro, viram um espírito materializado: "O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste alva como a neve" (Cap. 28, vers. 3).
O nosso amado Mestre, segundo informação do apóstolo Pedro, na sua Primeira Epístola, Capítulo 3, versículos 18 a 20, morto na carne e liberto em espírito, foi pregar, no além, aos que se encontravam em sofrimento ("prisão") desde o tempo de Noé.
Segundo Eclesiastes, "os mortos não sabem coisa nenhuma, não tendo mais parte com ninguém, sendo que o amor deles já feneceu".
Em quem acreditar? Em Pedro ou num suposto Salomão?
Se não há projeto, obras, nem conhecimento, nas paragens espirituais, para que, então, Jesus foi pregar para os mortos?
Em verdade, segundo "o espírito que testifica e não pela letra que mata", constatamos que prisão ("inferno") representa o sofrimento que parece não ter fim, tendo a aparência ou ilusão de eterno (tempo indeterminado), de algo que parece não ter fim e que nunca mais se acabará. Daí a expressão: "fogo eterno", citado emblematicamente no Evangelho (Mateus 18:8).
O Cristo, visitando e pregando aos espíritos aprisionados, nos revela a misericórdia do Pai, o qual "não contenda, nem se indigna, com os seus filhos" (Isaías 57:16). Visitar e pregar àqueles que estão "perdidos para todo o sempre" seria ato desumano e cruel, puro sadismo por parte daquele que é o nosso Mestre.
Personagem de grande expressão da Bíblia, o legislador Moisés, morto e sepultado na aterra de Moabe (Deuteronômio 34:5-6), aparece materializado, ao lado do profeta Elias, no "Monte da Transfiguração” (Lucas 9:30), atestando que os mortos vivem e que os textos já citados de Eclesiastes são realmente destituídos de importância e autenticidade.
Além das Escrituras, vem a ciência paulatinamente confirmar a sobrevivência do ser após a morte. Charles Richet, Prêmio Nobel de Física e Medicina, em 1913, criou a Metapsíquica com o fim de pesquisa os fatos transcendentes e ficou convencido da sobrevivência da alma. Depois, o trabalho marcante de Joseph Banks Rhine, nos anos trinta, com a Parapsicologia e a observação dos fenômenos psi-teta, exatamente explicados pelo notável pesquisador como de procedência espiritual.
Apesar de Eclesiastes afirmar que os mortos "não têm parte em coisa alguma", inúmeros cientistas, no decorrer de séculos, chegaram à conclusão da sobrevivência do ser, fora do túmulo. William Crookes, Prêmio Nobel de Química, em 1907, considerado o maior sábio inglês da época, inventor do radiômetro e dos tubos eletrônicos de catódio frio para a produção de Raios-X, fazendo pesquisa com a médium de ectoplasmia. Florence Cook, concluiu pela existência do espírito. O grande homem de ciências chegou ao ponto de amarrar a médium na cama com cordas, costurando os nós e as laçadas. Em várias ocasiões, penetrou na cabine mediúnica, junto com a entidade materializada (Kate King), e pôde vê-la, com nitidez, ao lado de Florence, estando essa inteiramente adormecida.
Em 1894, em carta dirigida ao professor Ângelo Brofferio, o insigne cientista britânico afirmou: "Seres invisíveis e inteligentes existem, os quais dizem ser espíritos de pessoas mortas". Em entrevista, publicada no "The International Psychic Gazette", relatou: "É uma verdade indubitável que uma conexão foi estabelecida entre este mundo e o outro".
Em 1950, o grande psicanalista Jung, entrevistado pela BBC, respondeu com muita propriedade a duas perguntas: "O Sr. acredita em Deus? E sobre a morte?". O mestre do psiquismo afirmou: "Eu não acredito em Deus, eu SEI". Quanto à morte, Jung disse: "Eu não acredito que a mente humana morra porque está provado que a mente humana não conhece passado, nem presente, nem futuro; contudo, se ela pode prever acontecimentos futuros então ela está acima do tempo, se está acima do tempo, não pode ficar trancafiada num corpo". Na obra "Realidade da Alma", relata: "A plenitude da vida exige algo mais que um ser; necessita de um espírito, isto é, um complexo independente e superior, único capaz de chamar à vida todos as possibilidades psíquicas que a Consciência-Ego não poderá alcançar por si".
Hodiernamente, os cientistas comprovam a presença dos mortos comunicando-se através de aparelhos eletrônicos. A esse tipo de intercâmbio mediúnico foi dado o nome de Transcomunicação Instrumental (TCI), pelo físico sueco Emst Senkowsky.
Outros campos de pesquisa, rigorosamente científicos, revelam a realidade da dimensão espiritual. Médicos, estudando o fenômeno de quasemorte em pacientes que sofreram parada cardíaca, ouviram relatos de semelhança impressionante, inclusive encontros memoráveis dos doentes com entes queridos falecidos.
Inúmeros cientistas também se vêem diante do "sobrenatural", ouvindo de pessoas moribundas, em alguns momentos de lucidez, a afirmação de coisas que ignoravam, principalmente a notícia de terem conversado com pessoas amigas ou familiares, falecidas por ocasião de internação dos doentes, fato desconhecido dos mesmos até então.
O fenômeno é conhecido com "Out of body" ou "Desdobramento ou Projeção da Consciência", vivenciado igualmente pelos clinicamente mortos e consistindo na saída do corpo espiritual, ou seja, a consciência agindo fora do espaço físico.
Em verdade, os mortos vivem, desde que o homem é um ser imortal, um cidadão do Universo, em busca da perfeição, nascendo e renascendo na arena física.
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 361 de Fevereiro de 2001)


Um sentido para a vida
Dilvano Westenhofer Brum *

É certo que todos nós temos muitas questionações durante o decorrer de nossa existência. Por vezes, ficamos pasmos frente aos "mistérios" da vida. Logo, queremos repostas. Nosso coração parece clamar ardentemente por elas. Então procuramos de maneiras diversas: na ciência e/ou na religião. Nos variados tipos e linhas de conhecimento: filosofia, teologia, nas ciências do ocultismo, nas ciências religiosas, na psicologia ou até mesmo no ateísmo. Surge com maior relevância a busca de um sentido para a vida.
Num mundo dilacerado por pseudo valores e contagiado por um progresso, não raras vezes, desumano e cruel, há gritos de corações vazios, sedentos e famintos de realização. Sintomas que acusam um crise existencial que bem material algum é capaz de sanar. Instalou-se uma patologia social de difícil cura. Uma verdadeira praga. Segundo o que li em revistas diversas, nunca os consultórios de psicologia estiveram tão cheios como nos últimos dez anos. E em cima de tal crise criou-se um campo de exploração da miséria humana... Que dito "Pós-Modernismo" idiota é este? Deixou-se uma fresta e de muitas pessoas tomou conta o dito "mal do século", ou do milênio, como alguns arriscam afirmar.
Atentos para o que a história registra, demonstra e ensina, podemos verificar o exemplo de tantas pessoas que descobriram um sentido para a vida: a dedicação a uma causa que, de fato, valia à pena. A uma causa nobre. Com pensamentos, intenções e ações que ultrapassam os objetivos meramente profissionais. São pessoas que acreditaram no amor. Pessoas que hoje também continuam crendo e agindo por amor. Tivemos e temos inúmeros testemunhos: o educador, o político, o religioso consagrado, o pessoal da medicina, das ONG's, dos institutos filantrópicos... Uma dedicação prestada integral e continuadamente não a si, mas em prol da coletividade. Vidas que se gastam a favor de uma melhor e mais condizente vida para os outros. Um serviço que é realizado de maneira desinteressada, pelo "amar sem esperar ser amado". Enfim, no desprendimento aos bens que passam, abraçaram os que não passam jamais. Como estes, podemos também nós encontrar o meio mais eficaz de realização dos nossos mais profundos anseios, como o da busca de um sentido para a vida.
É preciso crer no amor. Para quem não crê no amor, nada do acima exposto tem valor. Todavia, os que acreditaram e acreditam no amor, nos dão sim, um testemunho vivo e real da alegria de viver e fazer da nossa existência um instrumento em prol da vida e da esperança.

Dilvano Westenhofer Brum, 26 anos é ex-seminarista, agente de pastoral católica e acadêmico do curso de História na FAPA (RS). Escreve periodicamente sobre assuntos diversos.

 Vida após a morte
Américo Domingos Nunes Filho

Os profilentes de crenças dogmáticas consideram-se privilegiados como "eleitos do Senhor" e "conhecedores da verdade que liberta". Na realidade, seus argumentos são frágeis e inconsistentes, desde que não utilizam o pensamento racional acreditando ser de origem divina o que facilmente se constata provir de mente humana.
Infelizmente, as idéias dogmáticas, limitadas ao estudo da "letra que mata", estão destituída de luz que resplandece verdadeiramente dos textos bíblicos, porquanto não estão alicerçadas na interpretação lógica e imparcial da Bíblia, nem mesmo levando em consideração a época em que ela foi escrita e o atraso considerável de seus autores, em correspondência com a época em que vivemos.
Ainda hoje, os admiradores das Escrituras, mergulhados no mar do literalismo bíblico, aceitam a criação do mundo em seis dias de vinte e quatro horas.
É incrível, contudo, acreditam os exegetas dogmáticos que o Universo foi criado há apenas seis mil anos, discordando inteiramente da ciência. Igualmente negam a teoria darwiniana da evolução, tachando-a de demoníaca, apesar do grande desenvolvimento cultural e científico de nosso tempo revelar sua existência.
Combatendo o pensamento racional da Doutrina Espírita, calcada na fé racionada, apontam alguns textos bíblicos, desconhecendo que ainda estão presos às revelações do Antigo e Novo Testamento em muitas de suas injunções humanas, ignorando inteiramente a presença já entre nós do Consolador Prometido, o "Espírito de Verdade".
A vinda do Paracleto foi profetizada por Jesus, atestando que esse Consolador complementaria as lições que ele próprio não pudera ensinar aos homens (João 14:26 e João 16:12-13). Portanto o verdadeiro conhecimento espiritual é progressivo e revelado somente aos que "têm olhos para ver e ouvidos para ouvir".
Aqueles que ainda aceitam literalmente o fato de Jonas ter sido deglutido por um grande peixe não podem questionar doutrinas científico-religiosas, as quais não estão preparados para entender, porquanto afirma a Biologia ser impossível que tal coisa tenha acontecido, já que homem algum pode ser ingerido por qualquer ser aquático. Inclusive, nem mesmo a baleia (mamífero e não peixe) tem capacidade de engolir o ser humano, porquanto possui canais digestivos bem estreitos, alimentando- se apenas de plâncton, crustáceos e pequenos peixes.
Até mesmo em nossos dias outra invencionice contínua sendo propalada pelos que lêem a Bíblia, utilizando a ótica da "letra que mata", desprezando o progresso científico atual: Josué, filho de Num e sucessor de Moisés, "fez parar o Sol e a Lua" (Josué 10:12).
Primeiramente, desde Copérnico e Galileu, sabe-se que nossa estrela não gira sobre a Terra. Depois, de forma alguma, poderia alguém deter qualquer astro celestial.
Utilizando o raciocínio, constatamos a fé cega dos dogmáticos bíblicos, não percebendo tantas incongruências no "livro sagrado", como, por exemplo, a ausência da presciência da Divindade, arrependendo-se de Ter criado o homem. (Gênesis 6:6) e de haver constituído rei a Saul.
Outra discrepância: o próprio Criador desobedecendo ao mandamento de sua autoria ("não matarás"). No 1º Livro de Samuel (Cap. 15, versículo 3), está escrito que "Deus" mandou Saul assassinar a todos os amalequitas, dizendo: "destrói totalmente a tudo o que tiver; nada lhe poupes, porém matarás homem e mulher, MENINOS E CRIANÇAS DE PEITO, bois ovelhas, camelos e jumentos" (os grifos são nossos).
Quanto disparate! Que absurdo! Tirar violentamente a vida até de bebês! Segundo ensinamento do "Novo Testamento", "Deus é Amor"- (João 4:8) e nunca o Criador mandaria matar, infringindo até um de Seus preceitos.
O livro de Eclesiastes ou "O Pregador" encontra- se no Antigo Testamento e tem sua autoria e autenticidade questionadas por numerosos exegetas. A seguinte afirmativa: "Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém" e, em alguns trechos, as referências às obras realizadas por seu autor, claramente indicam Ter sido Salomão o escritor da obra. Contudo, os textos foram redigidos em época bem posterior a sua, desde que o idioma, com vocábulos em aramaico, é ulterior ao rei, introduzidos depois do cativeiro da Babilônia (término em 538 AC), contendo algumas palavras de origem persa, como "pardisin" (paraíso).
O soberano judeu, filho mais moço de Davi com Bate-Seba, faleceu em 931 AC, portanto em tempo bem anterior à escravidão dos hebreus, em Babilônia. Todavia, pela análise do livro, é demonstrada a presença de Salomão como seu idealizador. Afastando a hipótese mediúnica, certamente alguém escreveu a obra, tentando-se identificar como o grande sábio.
Por conseguinte, os "textos sagrados" são frutos de uma mistificação e mesmo que fossem escritos verdadeiramente pelo rei expressariam apenas sua opinião pessoal.
Outro dado considerável é a observação de que nem Jesus, nem qualquer vulto do Novo Testamento, faz alusão ao livro de Eclesiastes.
Salomão, apesar de Ter sido portador de grande sabedoria, não é exemplo a ser seguido por ninguém, muito menos por qualquer adorador bíblico, já que, além de poligâmico (harém de mil mulheres), era apóstata, tendo erigido altares e templos pagãos (1 Reis 11:6-7), como também odiado pelo povo, o qual oprimia com pesados impostos para sustentar o esplendor de sua corte (1 Reis 12:9-14).
Pois bem, citando as seguintes passagens de Eclesiastes, os entusiastas do dogmatismo relatam que não há vida depois da morte, negando um princípio básico da Doutrina Espírita, o da sobrevivência do ser após o decesso corporal: "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas o s mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco terão elas recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento.
"Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol”.
"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Cap. 9, versículos 5, 6 e 9).
Inobstante o que está escrito em Eclesiastes, os antigos hebreus acreditavam que as almas regressavam, após a morte, ao lugar dos mortos ("sheol") e, de lá, voltavam ao cenário terreno.
Em Isaías, denominado o "Quinto Evangelista", encontramos referências a haver vida além do túmulo, revelando a presença vivaz e atuante dos seres nos domínios espirituais. O profeta, por ocasião da entrada no "sheol" do despótico rei da Babilônia, nos apresenta os mortos conversando, comunicando-se, provando que os espíritos têm consciência de suas individualidades e que há vida de relação no além, pondo em xeque os textos apócrifos de Eclesiastes.
Os versículos são bem claros, muito transparentes, relatando existência "post-mortem": "Então, também tu (rei da Babilônia) fostes abatido como nós, acabaste igual a nós?" (Isaías 14:10).
O profeta narra que os interlocutores eram espíritos de potentados da Terra (príncipes e reis), surpresos por ver, na mesma situação, o poderoso monarca de Babilônia, o qual dizia, enquanto encanado, que "subiria aos céus, exaltando o seu trono acima das estrelas de Deus, como também assentando-se acima das mais altas nuvens, sendo semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:9 e 14:13-14).
Em que pese o livro de Eclesiastes afirmar que "os mortos não têm parte em coisa alguma e que a sua memória jaz no esquecimento", há igualmente no Velho Testamento o relato de uma entidade espiritual apresentando-se, após evocação realizada pelo rei Saul, como um ancião, envolto em uma capa. Tratava-se do grande profeta e juiz, Samuel (1 Sm.28:12-20), já falecido e sepultado em Ramá (1 Sm. 25:1).
Apesar de estar inserido no livro apócrifo o pensamento de que "os mortos não sabem coisa nenhuma", o espírito Samuel anuncia não somente a futura derrota de Saul para os filisteus, como também anuncia a morte em combate do soberano judeu e dos seus filhos (1 Sm.28:19).
Outra menção aos mortos é relatada, no antigo Testamento, em contraposição ao Eclesiastes, afirmando Jó, no capítulo 4, versículos 15 e 16 "Um espírito passou por diante de mim, fez-me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante de meus olhos".
Querendo negar o aparecimento dos seres espirituais nos relatos bíblicos, os profitentes dogmáticos os enquadram como mensageiros divinos, criados à parte por Deus, sem qualquer vínculo encarnatório. Contudo, essas criaturas angelicais, ao identificarem-se, revelam seus nomes e apresentam- se como humanos.
O enviado Gabriel, por exemplo, é citado pelo profeta Daniel como "varão" (Dn 9:21). Inclusive, Gabriel quer dizer "Homem de Luz". Outro ser espiritual que aparece em diversas situações é Miguel, com a apresentação de guerreiro (Apocalipse 12:7).
Igualmente, as Escrituras expõem à vista, com formas humanas, entidades espirituais a Abraão, a Jó, a Moisés e a Josué, aos israelitas em Goquim, a Gideão, a Manoá e a outros.
Quanto à última referência, é expressivo o fato de o pai de Sansão ter conversado com o habitante do além como se estivesse coloquiando com qualquer mortal, até mesmo tentando oferecer-lhe alimentos (Juízes 13:10-16).
Colocando por terra os textos de Eclesiastes contrários à sobrevivência das criaturas no além, Paulo, o apóstolo dos gentios, assim se expressou, na Primeira Epístola aos Coríntios: "Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E se o Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé"(1 Co. 15:12-14).
Nessa mesma carta, Paulo ensina: "Mas alguém dirá: como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? (1 Co 5:35). Semeia-se corpo natural ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual" (1 Co. 15:44). "Assim como trouxemos a imagem do o que é terreno, trazemos também a imagem do celestial" (1 Co. 15:49). "Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, 'morte, o teu aguilhão?" (1 Co. 15:54-55).
Jesus, nosso querido Mestre, se constitui em exemplo marcante da certeza da vida após a vida. Ele mesmo voltou do além, comprovando e revelando a morte da morte, continuando a viver.
Que emoção vivenciou Madalena ao ver o meigo Rabi à sua frente, diante do túmulo vazio, recém-materializado, ultra-eletrizado, dizendo-lhe: "Não me toques..." (João 20:17).
O Cristo nos ensina: "Eu sou a ressurreição e a vida, aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá" (João 11:25).
A morte não existe. A vida contínua após a falência irreversível dos órgãos. Se não houvesse vida fora do túmulo, não teria sentido a vida antes da morte. O espírito preexiste ao corpo de carne e sobrevive além da sepultura.
O Evangelho de Mateus esclarece que, após Jesus Ter expirado, muitos espíritos entraram em Jerusalém e apareceram a muitos (Cap. 27, vers. 53). Diz, igualmente, que Madalena e a outra Maria, quando foram ao sepulcro, viram um espírito materializado: "O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste alva como a neve" (Cap. 28, vers. 3).
O nosso amado Mestre, segundo informação do apóstolo Pedro, na sua Primeira Epístola, Capítulo 3, versículos 18 a 20, morto na carne e liberto em espírito, foi pregar, no além, aos que se encontravam em sofrimento ("prisão") desde o tempo de Noé.
Segundo Eclesiastes, "os mortos não sabem coisa nenhuma, não tendo mais parte com ninguém, sendo que o amor deles já feneceu".
Em quem acreditar? Em Pedro ou num suposto Salomão?
Se não há projeto, obras, nem conhecimento, nas paragens espirituais, para que, então, Jesus foi pregar para os mortos?
Em verdade, segundo "o espírito que testifica e não pela letra que mata", constatamos que prisão ("inferno") representa o sofrimento que parece não ter fim, tendo a aparência ou ilusão de eterno (tempo indeterminado), de algo que parece não ter fim e que nunca mais se acabará. Daí a expressão: "fogo eterno", citado emblematicamente no Evangelho (Mateus 18:8).
O Cristo, visitando e pregando aos espíritos aprisionados, nos revela a misericórdia do Pai, o qual "não contenda, nem se indigna, com os seus filhos" (Isaías 57:16). Visitar e pregar àqueles que estão "perdidos para todo o sempre" seria ato desumano e cruel, puro sadismo por parte daquele que é o nosso Mestre.
Personagem de grande expressão da Bíblia, o legislador Moisés, morto e sepultado na aterra de Moabe (Deuteronômio 34:5-6), aparece materializado, ao lado do profeta Elias, no "Monte da Transfiguração"(Lucas 9:30), atestando que os mortos vivem e que os textos já citados de Eclesiastes são realmente destituídos de importância e autenticidade.
Além das Escrituras, vem a ciência paulatinamente confirmar a sobrevivência do ser após a morte. Charles Richet, Prêmio Nobel de Física e Medicina, em 1913, criou a Metapsíquica com o fim de pesquisa os fatos transcendentes e ficou convencido da sobrevivência da alma. Depois, o trabalho marcante de Joseph Banks Rhine, nos anos trinta, com a Parapsicologia e a observação dos fenômenos psi-teta, exatamente explicados pelo notável pesquisador como de procedência espiritual.
Apesar de Eclesiastes afirmar que os mortos "não têm parte em coisa alguma", inúmeros cientistas, no decorrer de séculos, chegaram à conclusão da sobrevivência do ser, fora do túmulo. William Crookes, Prêmio Nobel de Química, em 1907, considerado o maior sábio inglês da época, inventor do radiômetro e dos tubos eletrônicos de catódio frio para a produção de Raios-X, fazendo pesquisa com a médium de ectoplasmia. Florence Cook, concluiu pela existência do espírito. O grande homem de ciências chegou ao ponto de amarrar a médium na cama com cordas, costurando os nós e as laçadas. Em várias ocasiões, penetrou na cabine mediúnica, junto com a entidade materializada (Kate King), e pôde vê-la, com nitidez, ao lado de Florence, estando essa inteiramente adormecida.
Em 1894, em carta dirigida ao professor Ângelo Brofferio, o insigne cientista britânico afirmou: "Seres invisíveis e inteligentes existem, os quais dizem ser espíritos de pessoas mortas". Em entrevista, publicada no "The International Psychic Gazette", relatou: "É uma verdade indubitável que uma conexão foi estabelecida entre este mundo e o outro".
Em 1950, o grande psicanalista Jung, entrevistado pela BBC, respondeu com muita propriedade a duas perguntas: "O Sr. acredita em Deus? E sobre a morte?". O mestre do psiquismo afirmou: "Eu não acredito em Deus, eu SEI". Quanto à morte, Jung disse: "Eu não acredito que a mente humana morra porque está provado que a mente humana não conhece passado, nem presente, nem futuro; contudo, se ela pode prever acontecimentos futuros, então ela está acima do tempo, se está acima do tempo, não pode ficar trancafiada num corpo". Na obra "Realidade da Alma", relata: "A plenitude da vida exige algo mais que um ser; necessita de um espírito, isto é, um complexo independente e superior, único capaz de chamar à vida todos as possibilidades psíquicas que a Consciência-Ego não poderá alcançar por si".
Hodiernamente, os cientistas comprovam a presença dos mortos comunicando-se através de aparelhos eletrônicos. A esse tipo de intercâmbio mediúnico foi dado o nome de Transcomunicação Instrumental (TCI), pelo físico sueco Emst Senkowsky.
Outros campos de pesquisa, rigorosamente científicos, revelam a realidade da dimensão espiritual. Médicos, estudando o fenômeno de quase-morte em pacientes que sofreram parada cardíaca, ouviram relatos de semelhança impressionante, inclusive encontros memoráveis dos doentes com entes queridos falecidos.
Inúmeros cientistas também se vêem diante do "sobrenatural", ouvindo de pessoas moribundas, em alguns momentos de lucidez, a afirmação de coisas que ignoravam, principalmente a notícia de terem conversado com pessoas amigas ou familiares, falecidas por ocasião de internação dos doentes, fato desconhecido dos mesmos até então.
O fenômeno é conhecido com "Out of body" ou "Desdobramento ou Projeção da Consciência", vivenciado igualmente pelos clinicamente mortos e consistindo na saída do corpo espiritual, ou seja, a consciência agindo fora do espaço físico.
Em verdade, os mortos vivem, desde que o homem é um ser imortal, um cidadão do Universo, em busca da perfeição, nascendo e renascendo na arena física.
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 361 de Fevereiro de 2001).


Acredito que todos que lerem esses artigos poderão ter uma idéia melhor sobre o que é sentido da vida.