domingo, 3 de junho de 2012


O SERMÃO DA MONTANHA

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!  


Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! 

Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! 

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!  

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! 

Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim.


  Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

  Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? 

  Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

  Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.

  Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos Céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos Céus. Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.

  Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. (Mateus, 6:1)

  Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. (Mateus, 6:2-4)

  Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.

  Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.(Mateus, 6:16-18)

  Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. (Mateus, 6:5-8)

  Durante o seu discurso sobre a oração, Jesus deu aos homens uma célebre oração, o Pai-Nosso, para ensiná-los como rezar corretamente.

  Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

  Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.




Por que não haverá o fim do mundo em 2012?

Gerson Soares Monteiro.

Isso não acontecerá porque Jesus declarou no Sermão do Monte que os mansos e pacíficos habitarão a Terra. Ele também afirmou que “Quando o Evangelho for pregado em toda a Terra, é então que chegará o fim” (Mateus, 24:14). Essas palavras proféticas de Jesus, com relação ao fim, estão relacionadas com a idéia de tempo e não com a de espaço. Isto é, Jesus se referiu ao fim de uma era, não ao fim do mundo físico. E isto é lógico, pois quando as criaturas humanas estiverem evangelizadas haverá o fim da violência, das guerras, do narcotráfico, e de todo o mal que inda perdura no coração do homem.
E convenhamos: Deus iria destruir a Terra quando as criaturas estivessem vivendo a mensagem do Evangelho? Ora, a destruição do mundo seria então o prêmio prometido por Jesus aos mansos e pacíficos, que, ao longo do tempo, se esforçaram para implantar na Terra o seu reino de amor e paz? É claro que não! Deus é justo!
O filme 2012, produzido em 2008, nos Estados Unidos é, na verdade, uma tentativa de se criar uma onda de terrorismo psicológico através de um “suposto” fim do mundo. Nessa onda, são exploradas as profecias relativas às transformações pelas quais a Terra está passando para ingressar na Era da Regeneração. A Terra, que é um mundo de Expiações e Provas (2° grau), está passando para o Mundo de Regeneração (3° grau).
Porém, já estamos no ano de 2016, de acordo com a revelação do Espírito Humberto de Campos transmitida por Chico Xavier, em 1937, no capítulo 15 do livro “Crônicas de Além Túmulo”, editado pela FEB. Essa revelação foi ratificada posteriormente através de conceituados cientistas e teólogos, que se basearam em estudos e pesquisas históricas, sobre o erro cometido por Frei Dionísio no ano de 525, ao estabelecer o nosso calendário.

Ora, diante de todas essas evidências, podemos concluir, sem margem de dúvida, que o ano de 2012 já passou, ou seja, já estamos em pleno 2016 e a Terra não foi destruída, derrubando a previsão divulgada de que o mundo acabaria no dia 21 de dezembro de 2012.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Segunda Morte
Vocês já ouviram falar na segunda morte?
Não?!
Uma já é ruim! Imagine mais uma!
Como será que acontece?
Como é possível isso?
Ficaram curiosos?
Então aguardem a próxima postagem,
Assistente Social

Pronto, me formei em Assistente Social.
Estou pronto para seguir a minha nova vida que recomeçou no ano de 2000 e teve o seu coroamento neste ano de 2011.
Agradeço a Deus e a Jesus por terem me dado a força necessária para seguir adiante, deixando para trás a lamentações e os choros que não levam a lugar nenhum.
O que importa é seguir em frente aprendendo com as dificuldades do senda.
Agradeço à Doutrina Espírita que me forneceu conhecimentos para que eu conseguisse ultrapassar as pedras que encontrei no caminho. Não desviei por nenhum atalho.
Agradeço as Amigas que Deus colocou ao meu lado, pois quando unimos as nossas forças atingimos a  meta estabelecida.
Agradeço aos Professores que mostraram uma estrada nova, dura, cheia de obstáculos difíceis, mas não impossíveis de serem transpostos. Hoje estou muito mais fortalecido.
Hoje, 09 de janeiro de 2012, dei início à nova jornada cumprindo o prometido, pois o tempo não pára e nós também não podemos parar.
Assumi a posição de Assistente Social no Centro Espírita Discípulos de Jesus. Uma Casa Espírita a quem devo muito e que me abraçou quando eu mais necessitava.
Obrigado aos Espíritos Protetores que muito me ajudaram.
Obrigado a Deus, Nosso Pai que está nos céus e a seu Filho, Nosso Irmão e Mestre Jesus Cristo por mais esta vitória.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Por que não haverá o fim do mundo em 2012?

Por que não haverá o fim do mundo em 2012?


Gerson Soares Monteiro.(1)


Isso não acontecerá porque Jesus declarou no Sermão do Monte que os mansos e pacíficos habitarão a Terra. Ele também afirmou que “Quando o Evangelho for pregado em toda a Terra, é então que chegará o fim” (Mateus, 24:14). Essas palavras proféticas de Jesus, com relação ao fim, estão relacionadas com a idéia de tempo e não com a de espaço. Isto é, Jesus se referiu ao fim de uma era, não ao fim do mundo físico. E isto é lógico, pois quando as criaturas humanas estiverem evangelizadas haverá o fim da violência, das guerras, do narcotráfico, e de todo o mal que ainda perdura no coração do homem.
E convenhamos: Deus iria destruir a Terra quando as criaturas estivessem vivendo a mensagem do Evangelho? Ora, a destruição do mundo seria então o prêmio prometido por Jesus aos mansos e pacíficos, que, ao longo do tempo, se esforçaram para implantar na Terra o seu reino de amor e paz? É claro que não! Deus é justo!
O filme 2012, produzido em 2008, nos Estados Unidos é, na verdade, uma tentativa de se criar uma onda de terrorismo psicológico através de um “suposto” fim do mundo. Nessa onda, são exploradas as profecias relativas às transformações pelas quais a Terra está passando para ingressar na Era da Regeneração. A Terra, que é um mundo de Expiações e Provas (2° grau), está passando para o Mundo de Regeneração (3° grau).
Porém, já estamos no ano de 2016, de acordo com a revelação do Espírito Humberto de Campos transmitida por Chico Xavier, em 1937, no capítulo 15 do livro “Crônicas de Além Túmulo”, editado pela FEB. Essa revelação foi ratificada posteriormente através de conceituados cientistas e teólogos, que se basearam em estudos e pesquisas históricas, sobre o erro cometido por Frei Dionísio no ano de 525, ao estabelecer o nosso calendário.
Ora, diante de todas essas evidências, podemos concluir, sem margem de dúvida, que o ano de 2012 já passou, ou seja, já estamos em pleno 2016 e a Terra não foi destruída, derrubando a previsão divulgada de que o mundo acabaria no dia 21 de dezembro de 2012.

(1) Gerson Soares Monteiro é espírita e atualmente é Vice-Presidente da FUNTARSO e publica, todos os domingos, uma coluna no jornal Extra. Este texto foi publicado na edição de 13/11/2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Prece


Quando se fala em prece, a imediata imagem que, de um modo geral, vem à mente das pessoas é a de senhoras idosas ajoelhadas em recintos semiobscuros, numa cantilena ininteligível.
Será que somente os idosos devem orar? Serão somente os deserdados do mundo, os sofredores os que carecem de oração?
Oração é um processo dinâmico de dialogar com Deus. É o elevar a mente para sintonizar com as forças Superiores, de lá extraindo novas energias, ideias.
Sem fórmulas prontas, deve ser ditada pelo sentimento. É um abrir do coração ao Pai amoroso e bom.
Alguns defendem a idéia de que se Deus tudo sabe não há necessidade de se ficar a pedir. Ele dará às Suas criaturas o de que elas necessitam.
O que não se dão conta tais pessoas é de que o Pai realmente tudo sabe, tudo vê, mas a prece tem a virtude de abrir os canais mentais a fim de que se possa entender a resposta. É o tornar-se receptivo ao auxílio.
Será que a resposta sempre vem? Recordamos o ensino de Jesus: Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vos concederá. A resposta sempre vem.
O que acontece é que, normalmente, não a percebemos. Mesmo porque ela nem sempre nos chega do jeito que se espera.
A resposta Divina, por vezes, é um não. De outras, vem através dos amigos, de uma mensagem, das intuições, e outra vez não nos apercebemos.
E o que pedir? Eis outra dúvida. Defendem muitos que somente se deve solicitar coisas para o Espírito, jamais coisas materiais.
Convenhamos que se vivemos no mundo, necessitamos de algumas coisas materiais. Qual o problema de se rogar pela saúde de alguém?
Qual a dificuldade de se pedir auxílio na busca de um emprego digno, que nos garanta o sustento da carne?
Qual o inconveniente de se rogar a Misericórdia Divina para a fome que castiga o estômago ou para o frio que tortura o corpo?
Contudo, oração não é somente um petitório infindável. Antes de tudo é louvor.
Ao ensinar a orar, Jesus primeiramente louvou o Criador de todas as coisas. Santificado seja Vosso nome.E para ensinar a resignação aos planos celestes, estabeleceu: Seja feita a Vossa vontade.
Só depois é que Ele direcionou a rogativa.
A oração é alimento diário. Na alegria e na dor. Na saúde e na doença. Ante os sucessos ou enfrentando os fracassos.
Orar com sinceridade, sabedor que não será pela extensão da oração que ela será melhor ouvida, mas sim pelo seu conteúdo.
A melhor prece é a do homem de bem.
Orar a Deus, a Jesus, evitando dirigir pedidos a parentes e amigos desencarnados que poderão não ter condições de atender, o que só lhes aumentará a carga de preocupações.
Orar por nós, pelos enfermos, pelos desencarnados, pelos suicidas, em especial, pelos que não nos amam. Orar pelos ­amigos, pois que a prece sustenta.
É do Cristo o ensinamento: Orai uns pelos outros.

* * *

A oração em favor dos que sofrem constitui sempre uma valiosa contribuição para aquele a quem é dirigida.
Não resolve o problema, nem retira a aflição, mas suaviza a aspereza da prova.
Quando a oração é dirigida aos enfermos, ela estimula os centros atingidos pela doença, restaurando o equilíbrio das células.
A oração é sempre um bálsamo para a alma, e se torna medicação para o corpo físico.
A oração acalma, equilibra, dulcifica aquele que ora, propiciando-lhe resultados salutares.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20 do livro Momento de meditação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal

domingo, 9 de outubro de 2011

Velho ou Idoso



Você se considera uma pessoa idosa, ou velha?
E você que é jovem, como deseja chegar lá?
Acha que é a mesma coisa?
Pois então ouça o depoimento de uma pessoa de oitenta e oito anos:
Idosa é uma pessoa que tem muita idade.
Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade.
Você é idoso quando sonha.
É velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende
É velho quando já nem ensina.

Você é idoso quando pratica esportes, ou de alguma outra forma se exercita.
É velho quando apenas descansa.
Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs.
É velho quando seu calendário só tem ontens.
idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência. Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro.
E é no presente que os dois se encontram.
Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado.
idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina.
idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina.
velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram.
idoso tem planos.
velho tem saudades.
idoso curte o que resta da vida.
velho sofre o que o aproxima da morte.
idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos.
velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade.
idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e de esperanças. Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
velho cochila no vazio de sua vida e suas horas se arrastam destituídas de sentido.
As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso.
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela  amargura.
Em resumo, idoso e velho, são duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idade bem diferente no coração.
Se você é idoso, guarde a esperança de nunca ficar velho.
Namastê Shalom

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pequena nota sobre o direito de viver

Pequena nota sobre o direito a viver
Eros Roberto Grau

Inventei uma história para celebrar a Vida. Ana, filha de família muito rica, apaixona-se por um homem sem bens materiais, Antonio. Casa-se com separação de bens. Ana engravida de um anencéfalo e o casal decide tê-lo. Ana morre de parto, o filho sobrevive alguns minutos, herda a fortuna de Ana. Antonio herda todos os bens do filho que sobreviveu alguns minutos além do tempo de vida de Ana. Nenhuma palavra será suficiente para negar a existência jurídica do filho que só foi por alguns instantes além de Ana.
A história que inventei é válida no contexto do meu discurso jurídico. Não sou pároco, não tenho afirmação de espiritualidade a nestas linhas postular. Aqui anoto apenas o que me cabe como artesão da compreensão das leis. Palavras bem arranjadas não bastam para ocultar, em quantos fazem praça do aborto de anencéfalos, inexorável desprezo pela vida de quem poderia escapar com resquícios de existência e produzindo consequências jurídicas marcantes do ventre que o abrigou.
Matar ou deixar morrer o pequeno ser que foi parido não é diferente da interrupção da sua gestação. Mata-se durante a gestação, atualmente, com recursos tecnológicos aprimorados, bisturis eletrônicos dos quais os fetos procuram desesperadamente escapar no interior de úteros que os recusam. Mais “digna” seria a crueldade da sua execução imediatamente após o parto,mesmo porque deixaria de existir risco para as mães. Um breve homicídio e tudo acabado.
Vou, contudo diretamente ao direito, nosso direito positivo. No Brasil o nascituro não apenas é protegido pela ordem jurídica, sua dignidade humana preexistindo ao fato do nascimento, mas é também titular de direitos adquiridos. Transcrevo a lei, artigo 2o do Código Civil:
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
No intervalo entre a concepção e o nascimento dizia Pontes de Miranda “os direitos, que se constituíram, têm sujeito, apenas não se sabe qual seja”. Não há, pois, espaço para distinções, como assinalou o ministro aposentado do STF, José Néri da Silveira, em parecer sobre o tema:
Em nosso ordenamento jurídico, não se concebe distinção também entre seres humanos em desenvolvimento na fase intrauterina, ainda que se comprovem anomalias ou malformações do feto; todos enquanto se desenvolvem no útero materno são protegidos, em sua vida e dignidade humana, pela Constituição e leis.
Trata-se de seres humanos que podem receber doações [art. 542 do Código Civil], figurar em disposições testamentárias [art.1.799 do Código Civil] e mesmo ser adotados [art. 1.621 do Código Civil]. É inconcebível, como afirmou Teixeira de Freitas ainda no século XIX, um de nossos mais renomados civilistas, que haja ente com suscetibilidade de adquirir direitos sem que haja pessoa. E, digo eu mesmo agora, nele inspirado, que se a doação feita ao nascituro valerá desde que aceita pelo seu representante legal tal como afirma o artigo 542 do Código Civil – é forçoso concluir que os nascituros já existem e são pessoas, pois “o nada não se representa”.
Queiram ou não os que fazem praça do aborto de anencéfalos, o fato é que a frustração da sua existência fora do útero materno, por ato do homem, é inadmissível [mais do que inadmissível, criminosa] no quadro do direito positivo brasileiro. É certo que, salvo os casos em que há, comprovadamente, morte intrauterina, o feto é um ser vivo.
Tanto é assim que nenhum, entre a hierarquia dos juízes de nossa terra, nenhum deles em tese negaria aplicação do disposto no artigo 123 do Código Penal,[i] que tipifica o crime de infanticídio, à mulher que matasse, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho anencéfalo, durante o parto ou logo após, sujeitando a pena de detenção, de dois a seis anos. Note-se bem que ao texto do tipo penal acrescentei unicamente o vocábulo anencéfalo!
Ora, se o filho anencéfalo morto pela mãe sob a influência do estado puerperal é ser vivo, por que não o seria o feto anencéfalo que repito pode receber doações, figurar em disposições testamentárias e mesmo ser adotado?
Que lógica é esta que toma como ser, que considera ser alguém – e não ser – o anencéfalo vítima de infanticídio, mas atribui ao feto que lhe corresponde o caráter de coisa ou algo assim?
De mais a mais, a certeza do diagnóstico médico da anencefalia não é absoluta, de modo que a prevenção do erro, mesmo culposo, não será sempre possível. O que dizer, então, do erro doloso?
A quantas não chegaria, então, em seu dinamismo – se admitido o aborto – o “moinho satânico” de que falava Karl Polanyi?[ii] A mim causa espanto a idéia de que se esteja a postular abortos, e com tanto de ênfase, sem interesse econômico determinado. O que me permite cogitar da eventualidade de, embora se aludindo à defesa de apregoados direitos da mulher, estar-se a pretender a migração, da prática do aborto, do universo da ilicitude penal, para o campo da exploração da atividade econômica. Em termos diretos e incisivos, para o mercado. Escrevi esta pequena nota para gritar, tão alto quanto possa, o direito de viver.



[i] “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena – detenção de dois a seis anos.”

[ii] A grande transformação: as origens da nossa época. Tradução portuguesa de Fanny Wrobel. 2. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000