segunda-feira, 19 de julho de 2010

Por Deus, esqueçam, ensina Emmanuel com sua proverbial sabedoria em psicografia de Francisco Cândido Xavier

“O comentário em torno do mal é sempre o mal a expandir-se.”
Infelizmente, é o que mais se faz, sob a regência dos meios de comunicação, particularmente a televisão, essa fofoqueira que revela insuperável vocação para deter-se nos ângulos mais escuros do comportamento humano.
Objetivo: conquistar audiência.
Montada sobre dispositivos mercantilistas, é mínimo o espaço nessa “máquina de fazer doidos”, como dizia Sérgio Porto, para os programas de cunho educativo e muito menos os espiritualizantes.
Atendendo à preferência dos telespectadores, consagra-se o que há de chocante, mórbido e deplorável no noticiário policial, que enfatiza os crimes hediondos, cometidos com requintes de crueldade.
Com isso multidões põem-se a especular sobre as pessoas envolvidas. Amplia-se a fofocagem tão longe quanto alcançam as imagens transmitidas. Muito além do reduzido espaço em que as “comadres” outrora se aventuravam “pichando” gente de sua rua, bairro ou cidade. Hoje como ontem, revela-se a mesma sem-cerimónia da molecada que picha muros alheios.
A maledicência corre solta. Falam de pessoas que não conhecem na intimidade; de acontecimentos que não presenciaram; de situações, motivações e influências que escapam à percepção desses “promotores” da injustiça.
Contrariando a orientação evangélica, reprovam o comportamento alheio, sem reconhecer o muito de reprovável que há em si mesmos.
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Quando o céu escurece, carregado de nuvens, logo ribombam trovões e despencam raios destruidores.
Da mesma forma, o adensamento da atmosfera psíquica de uma cidade, a partir das fixações acidentes, tragédias, crimes, atentados.
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Por outro lado, as discussões em torno da criminalidade primam por absoluta falta de religiosidade, ainda que se digam religiosos os que dela participam.
Os indivíduos que se comprometem no chamado crime hediondo são logo rebaixados a monstros, como se houvessem perdido a condição humana e a filiação divina, aberrações anti-naturais.
- É melhor acabar com eles! – sugere considerável parcela da população, aplaudindo-se os linchamentos e a iniciativa dos matadores que atuam à margem e da lei, embora não raro a representem.
Conta-se, num dos evangelhos apócrifos, que após a crucificação, a primeira preocupação de Jesus foi descer ao inferno (diríamos umbral), para socorrer Judas.
Pode existir dúvida quanto à autenticidade da ocorrência, mas não quanto à possibilidade de ter ocorrido. Está bem de acordo com o pensamento de Jesus.
O criminoso precisa de ajuda. Foi vitimado pelo pior de todos os males: infringiu a Lei Divina.
Amargas reparações o esperam.
Consideremos outro aspecto, talvez o mais o importante:
A situação daqueles que desencarnam em face da violência que sofreram.
Regressando ao plano espiritual na condição de vítimas, habilitam-se a amplo amparo de benfeitores espirituais carinhosos e atentos.
Mas há sério problema.
A pressão vibratória densa, deletéria, que se abate sobre eles, na medida em que as multidões se põem a fofocar sobre sua desdita.
Isso lhes impõe indesejáveis lembranças relacionadas com as circunstâncias trágicas que determinaram sua desencarnação.
Paradoxalmente, vivem incontáveis mortes.
Se pudessem, certamente enviariam uma mensagem para ampla divulgação pelos meios de comunicação.
Breve, dramática, desesperada:
“Imploramos um pouco de paz.
Pedimos a bênção de uma oração.
Quanto ao mais, por Deus! Esqueçam.”

SIMONETTI. Richard. In. Reformador, p. 18. Agosto 1993. Ed. FEB, Brasília, DF.

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